Longe da imagem popular, os vikings constituíram uma civilização culta e se adaptaram à vida de muitos dos lugares que invadiram.
“Na Islândia e na Groenlândia, formaram sociedades vikings puras. Na Irlanda e Escócia foram absorvidos pelos celtas; na Rússia, pelos eslavos; e na França, se adaptaram rapidamente”, disse Keller. Além disso, a mulher tinha uma forte posição na comunidade, que só perdeu após a conversão do povo ao cristianismo, entre os anos 1000 e 1030. Na época, o culto aos deuses Odin e Tor foi abandonado, explicou Keller. Fisicamente, eles superavam em altura o resto dos povos europeus, e não usavam capacetes com chifres, como costumam ser representados. “Os restos de 180 vikings, localizados em escavações em cemitérios na Groenlândia, mostram que os homens mediam de 1,70m a 1,80m, e eram mais sadios que os da Europa continental”, disse Keller. Ele acrescentou que em inscrições em pedras os capacetes aparecem sem chifres. “Isso foi uma invenção do compositor alemão Richard Wagner”, garantiu. Foi um viking, Eirik Raude Torvaldsson, ou “Eric, o Vermelho”, quem, segundo a literatura, descobriu a Groenlândia entre os anos 982 e 986, depois de ser expulso da Islândia por causa de um assassinato. Seu filho, Leiv Eiriksson, pode ter descoberto a América no ano 1000, segundo documentam as sagas, escritos originais da atual Islândia que refletem a tradição oral viking. “Então zarpou Leiv, mas permaneceu muito tempo fora e achou terras que não sabia que existissem antes. Ali cresciam campos de trigo e árvores parecidas com a bétula, e de tudo levaram mostras”, narra a saga. A saga dos groenlandeses conta, no entanto, que foi o mercador Bjarne Herjolvsson que por acaso avistou a América, quando se perdeu com seu navio no meio de uma tempestade. O relato de suas viagens animou Eiriksson a navegar para o oeste, buscando a terra desconhecida, que descobriu por volta do ano 1000, segundo afirma a saga. Eiriksson chegou à Terra de Baffin, ao noroeste do Canadá, que batizou como Helluland, ou “terra de pedras planas”. Ele também chamou o atual Labrador de Markland, ou “terra de florestas” e deu o nome de Vinland, ou “terra de verdes prados”, ao que pode ser a Terranova ou Cape Cod. No entanto, os especialistas não estão de acordo em relação à descoberta da América por Eiriksson. Na verdade, não há um consenso de que esse tenha sido o seu nome, e sequer de que tenha existido. “Há um alto grau de insegurança. As fontes escritas mencionam expedições entre os anos 1000 e 1030 rumo à costa canadense, em lugares identificados. Mas elas foram recolhidas 300 anos depois das viagens narradas”, disse Keller. Segundo o professor, as sagas “misturam literatura continental européia com mitos e canções vikings, por isso é impossível saber que partes são historicamente certas e quais são folclore e lendas”. Apesar disso, Keller garantiu que as histórias “contêm um núcleo de verdade e fatos concretos”. Em 1961, um casal de exploradores noruegueses, Helge e Anne-Stine Ingstad, valendo-se das descrições das sagas, encontrou no povoado canadense de L’Anse aux Meadows os primeiros jazigos vikings da América. Mas foram necessários oito anos até que as provas técnicas confirmassem a descoberta. “Encontraram casas e instrumentos no Canadá idênticos às relíquias vikings da Islândia e Groenlândia. Recolheram um anel de estanho, uma agulha e vestígios de produção de ferro, algo desconhecido para os índios norte-americanos”, afirmou Keller. Ele acrescentou que os vikings viajaram pela América durante 100 anos, comerciando com os nativos. Mas não deixaram sua marca no novo mundo, lugar que não conseguiram colonizar. EFE je mf Guia de Vikingswww.sobresites.com/vikings
Revista Brathair de Estudos Celtas e Germânicos
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